Howmet TX

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Na perseguição do GT40 em algum evento histórico.

Pois bem, dei uma passada aqui no trabalho pra postar esse carro que já era pra ter aparecido há dois dias, indicação e sugestão do amigo Tohmé (blog Minis no Mundo). Esse é o Howmet TX (Turbo eXperimental), um protótipo norte-americano desenvolvido em 1968 para testar o uso de motores gas turbine (turbina a gás) em carros de corrida, e também para ser uma alternativa aos piston engine (motores a pistão). Foi iniciativa do piloto Ray Heppenstall e teve suporte financeiro da Howmet Corporation, que deu nome a máquina.

Esse motor turbina a gás, também chamado de turbina a combustão, é um motor rotativo que extrai energia a partir de um fluxo de gás de combustão, mais informações de sua montagem e funcionamento podem ser encontrados aqui. No Howmet, as turbinas modelo TS325-1 eram protótipos alugados da empresa Continental Aviation & Engineering, que seriam usadas em helicópteros militares, mas como o projeto não foi pra frente as turbinas estavam paradas sem utilização. Instalada na parte de trás do carro, desenvolviam algo em torno de 325HP em 2,960 centímetros cúbicos, medida aproximada calculada com base nos motores comuns. A caixa de câmbio tinha apenas uma velocidade, e para marcha ré (exigência da Fia) foi instalado um pequeno motor elétrico movido pela turbina. O motor usava dois escapes, mas um terceiro menor foi instalado como válvula de descarga, meio que para regular a quantidade de combustível injetado na turbina e diminuir o lag da aceleração. O chassi construído exclusivamente para abrigar o diferente motor foi desenvolvido pela McKee Engineering para se enquadrar no regulamento do Grupo 6 da Fia de carros protótipos.

Dois carros foram construídos, mas para a primeira corrida da temporada de 1968, as 24H de Daytona, apenas um foi inscrito ficando o outro de reserva. Largou na 7ª posição e estava em 3º quando um problema na válvula de descarga fez o piloto perder o controle do carro e bater, abandonando assim a corrida. Alguns meses depois nas 12H de Sebring, o carro se classificou em 3º, apenas um segundo atrás do Porsche 907 e do GT40, mas durante a corrida a turbina apresentou problemas e tiveram que abandonar após 6 horas. Nas corridas seguintes na Europa mais problemas tiraram o carro das disputas, que depois voltou para disputar o SCCA nos EUA, onde conseguiu terminar a primeira corrida, chegando na segunda posição do Vandergraft Trophy e estabelecendo um novo recorde da pista. O carro continuou conquistando bons resultados, com vitórias e tudo mais e para as 6H de Watkins Glen a equipe resolveu inscrever os dois carros. Largaram em 8º e 9 º e estavam em 3º e 4º quando um dos carros teve problemas na transmissão e ficou para trás, mas o outro foi até o final e chegou ao pódio. Depois desse sucesso os dois carros foram preparados para as 24H de Le Mans, mas sofreram muito com as longas retas e o melhor carro só conseguiu o vigésimo tempo para a largada. Logo no começo da prova um dos carros apresentou problemas no sistema de combustível e continuou na corrida mas muito lento, enquanto o outro teve que parar fazer reparos algumas horas depois, e acabou sendo desqualificado pois após 6 horas de evento só tinha completado 60 voltas. O carro com problemas que continuou não durou muito pois o piloto perdeu o controle, bateu, capotou e destruiu a máquina. Enfim, a corrida acabou sendo uma péssima experiência.

No fim da temporada de 68, Heppenstall já tinha planos para o ano seguinte, como trocar a caixa de marchas, mas a Howmet não achou que o retorno para a marca estava valendo a pena e resolveu descontinuar o projeto, uma pena. Mas a empresa resolveu então que os carros poderiam ter uso promocional, e restaurou o que havia batido, só que no estilo open cockpit (ficou conhecido como Howmet TX MKII), e bateu vários recordes de velocidade com ele em classes para carros movidos a turbina, que vamos combinar, não deveriam ser muitos. Esse uso promocional foi até 71 quando os dois chassis foram vendidos para o Heppenstall que os revendeu para colecionadores, e as turbinas devolvidas para a Continental. Muitos anos depois o chassi #1 foi restaurado com uma turbina Continental original e venceu o Sebring Trophy em 2007 no Amelia Island Concours d'Elegance. O chassi #2 foi restaurado e convertido em closed-cockpit novamente em 1996, e como não conseguiram uma turbina Continental, instalaram uma menor, e esse carro já esteve em Goodwood por três vezes. Um terceiro chassi inacabado foi encontrado na década de 90, e foi finalizado com a mesma turbina do chassi #2 e inscrito em eventos de históricos, e também esteve em Goodwood.

Me desculpem pelo post enorme, muito maior do que os de sempre, mas não teve jeito, a história desse carro é imensa e eu ainda tentei resumir bem. Mas quem ficar com preguiça de ler, pelo menos aprecie as belas imagens desse protótipo, com essas interessantes e diferentes saídas de escape triplas, gostei do carro, tem personalidade

Essa traseira intimida quem vem atrás...

Uma das participações em Goodwood.

Foto da época original do carro.

O Howmet TX MKII, open cockpit, prefiro o outro.

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito legal a história do carro. Mas acho que os carros com turbina nunca deram muito certo mesmo. Sempre davam muitos problemas.

Emerson Fittipaldi uma vez contou alguns detalhes sobre a Lotus turbina que ele pilotou. O carro tinha grave problema de frenagem porque não havia redução e freio motor. Tinha que freiar bem antes que os concorrentes e o carro acabou sendo pouco competitivo.

Já na história da 500 milhas Indianápolis tem alguns outros modelos de carro turbina, mas que também não deram certo.

Até mais Pipe

Volney disse...

Não vejo problema em post com textos grandes, afinal de contas uma das melhores coisas do automobilismo são suas histórias.

Eu não conhecia a história desse carrinho, muito bacana ela. No youtube têm muitos vídeos de provas clássicas realizadas hoje em dia com modelos desse carro.

Rafael Oliveira disse...

Pipe...
Fantástica foto, acho o Howmet uma menina rebelde linda... muito agressiva...

Excelente post.

Grande abraço.

Rafael Oliveira

Pipe disse...

Fala Leandro,
Pois é, não tem jeito, o pessoal tenta mas a fórmula que dá certo continua a mesma. Quando inventam essas alternativas sempre acabam dando errado no final.
Não sabia dessa do Emerson, mas devia ser ruim mesmo o carro sem freio motor, fundamental nas reduzidas para fazer curvas.
Vou dar uma procurada nesses outros modelos que vc mencionou da 500 milhas e ver o que acho pra colocar aqui.
Valeu cara, abraço.

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Fala Volney,
Valeu pelo incentivo, tem muita história legal mesmo que vale a pena escrever como a desse carro.
Mas é verdade, esses dois modelos restaurados já participaram e participam de muitos eventos de clássico, muito maneiro isso.
Abraço,

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Fala Rafael, valeu cara.
Concordo contigo, é bonito e agressivo ao mesmo tempo, também gostei muito do carro e do seu visual peculiar.
Abraço.